Sessão sobre Participação Local · 26 de Junho

No Sábado 26 de Junho Montemor-o-Vivo encontrou-se para pensarmos a Participação Local em Montemor-o-Novo. Deste encontro saíram uma série de propostas para tornar os processos de tomada de decisão a nível local muito mais participativos, para tornar a gestão do poder local transparente e acessível, e para fazer da participação cidadã um acto normal, festivo e eficaz.

Processos de participação cidadã

  • Institucionalização de uma participação cidadã a 100% com carácter vinculativo e transversal:
    • Orçamento participativo a 100%;
    • Assembleia cidadã permanente e vinculativa;
    • Avaliação da situação actual participada;
    • Criação participada de estratégias de execução;
    • Avaliação participada de processos de implementação;
  • Criação de um “guia” de participação cidadã:
    • Documento estratégico para a participação transversal na Câmara Municipal;
    • Guia de participação cidadã Montemorense;
  • Criação de uma vereação de participação política, com orçamento específico para a participação (incl. poder faltar ao trabalho para participar);
  • Desprofissionalizar / desfinancializar a carreira política, num regime aberto e participado com pagamento por “tarefa / participação;
  • Melhor comunicação e mais participação de trabalhadores dentro da Câmara Municipal:
    • Envolver diretamente os funcionários da Câmara Municipal nos processos de desenho e implementação das soluções para os problemas identificados no concelho;
    • Maior comunicação com trabalhadores da Câmara Municipal e integração de secções;
  • Ter atenção especial à políticas inclusivas na participação (nomeadamente da mulher);

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Situação actual
  • Difícil contributo da cidadania à política local;
  • Participação do “faz de conta” e alienação política;
  • Assembleias municipais e reuniões da Câmara Municipal sem possibilidade de participação cidadã;
  • Rede para a Cidadania com pouca força e actividade;
  • As consultas públicas não promovem, pelo seu desenho e implementação, uma participação efectiva;
  • Falta método de participação pública, desde a elaboração ao processamento de propostas, o que leva a conflitos e perda de energia na discussão;
  • Secretismo, falta de transparência e falta de abertura desde a Câmara Municipal;
  • A hierarquia política dificulta a participação efectiva;
  • Os cidadãos delegam a tomada de decisão para os eleitos – “a culpa é deles”;
  • Não há orçamento participativo em Montemor-o-Novo;
  • A especialização dificulta a participação (“o especialista resolve”, “isto é para especialistas”). 
Impactos observados
  • Sentimento de impotência por parte dos cidadãos;
  • A participação que há é desestruturada e ineficaz, e acaba por cair no vácuo;
  • A participação democrática é desencorajada, o que leva a desmotivação e descontentamento com a democracia;
  • As decisões são tomadas sem se saber o que a população pensa ou quer em relação a um determinado assunto;
  • É difícil aceder a processos de tomada de decisão, e a decisões tomadas;
  • “Clubismo” na tomada de decisões na Câmara Municipal;
  • Impacto negativo no desenvolvimento sócio-económico;
  • Falta de integração real de visões e ideias da sociedade civil;
  • Instalação de uma “cultura de debate” (um contra o outro), em vez de uma “cultura de discussão” (construção coletiva de entendimentos e visões)
  • A cultura política não está orientada para servir a população.
Necessidades identificadas
  • É preciso mais tempo (sempre escasso) para a participação política;
  • Capacidade de investir tempo (sempre escasso) nestes assuntos;
  • Criação de condições para a participação inclusiva;
  • Dar espaço ao “catarse” — momentos para libertar a frustração acumulada com a participação política;
  • Tornar os instrumentos de participação mais apelativos;
  • Criar ambientes construtivos e divertidos capaz de promover o bem comum;
  • Desenvolver métodos inclusivos e funcionais de participação (análise coletiva dos problemas, “incubadoras” de ideias cidadãs);
  • Promover mecanismos de apoio a projetos da sociedade civil que sejam apoiados;
  • Processos de construção coletiva que se desenvolvam do individual para o coletivo.
Impactos desejados
  • Mais participação de cidadãos na  política local;
  • Utilização de associações locais enquanto “caracóis”;
  • Mais vontade de participar por parte dos cidadãos;
  • Uma população mais atenta às suas necessidades;
  • Maior capacidade de se entre-ouvir e colaborar;
  • Maior cultura de discussão e de participação;
  • Tornar a participação política clara e fácil de fazer;
  • Humanizar a política.

Cultura e Educação para a democracia participativa

  • Formação de facilitadores, dirigida especialmente para instituições públicas e entidades locais (cada secção da Câmara e cada entidade local com alguém capaz de dirigir processos participativos);
  • Promover mais contato informal entre representantes eleitos e as populações;
  • Petiscos em todos os processos participativos públicos;
  • Criar momentos participativos em eventos (Dia da Criança, Feira da Luz) e na escola para normalizar a participação;

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Situação actual
  • Há cultura instalada de NÃO participação;
  • Há falta de participação cidadã;
  • Há falta de oportunidades para a participação;
  • Há falta de efeitos da participação;
  • Há medo de represálias nos momentos de participação;
  • Polarização e distanciamento social (cada um no seu grupinho, cada vez menos uma cultura comum);
  • Medo da mudança.
Impactos observados
  • Dificuldade em participar;
  • Desmotivação dos cidadãos;
  • Comodismo perante a situação actual;
  • Dificuldade em falar de política local;
  • Inércia;
  • Não realização do verdadeiro potencial do município/concelho.

É um ciclo vicioso: a dificuldade em participar eficazmente desmotiva, a desmotivação dificulta a participação que há.

Necessidades identificadas
  • Quebrar o ciclo;
  • Facilitar e simplificar os processos para participação;
  • Formar facilitadores;
  • Criar um processo político partilhado, capaz de integrar várias gerações;
  • Mais oportunidades de participação – aprender participar participando;
  • Obter efeitos visíveis e em tempo útil;
  • Educação Cívica de forma prática e participativa.
Impactos desejados
  • Educar para a participação e a cidadania;
  • Cidadãos capacitados para a participação democrática;
  • Uma política cidadã tranquila e eficiente;
  • Criação de vários métodos de comunicação e envolvimento;
  • Criar uma cultura de participação;
  • Perder o medo à política;
  • Que a população abrace a cultura de participação como uma “normalidade” e mesmo como um direito inalienável.

Transparência

  • Disponibilizar informação sobre a actividade da Câmara Municipal (decisões tomadas, gestão de fundos, etc.) de forma resumida, em linguagem simples e acessível e com design acessível:
    • Boletim mensal na rádio local
    • Newsletter mensal com informação sumarizada sobre a actividade da Câmara Municipal;
  • Pelo menos dois grandes encontros participativos anuais, anteriores à Assembleia Municipal (para rever plano de atividades, orçamento e relatórios de contas);
  • Apresentar, antes de encontros com a população, os relatórios de atividade/contas/execução, dando tempo aos cidadãos para perguntar, esclarecer, propor, etc.;
  • Processos de contratação transparentes e participados;
  • Divulgar claramente os organismos responsáveis pelas infraestruturas e equipamentos, para a população poder comunicar e se informar facilmente;
  • Folha de cálculo do orçamento municipal actualizado disponível para consulta permanente;
  • Melhor acesso digital a documentos oficiais;

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Situação actual
  • Existe já:
    • Um boletim mensal distribuído em vários locais e por correio;
    • Encontros com as populaçõe nas freguesias/localidades e dias do atendimento pelos vereadores;
    • Informações sobre contas e quem recebe dinheiro (mas não sabemos os fins exatos da sua atribuição, e não é usada linguagem acessível);
  • Falta de transparência nas tomadas de decisão da Câmara;
  • Dificuldade de acesso às tomadas de decisão, e decisões tomadas;
  • Os cidadãos não podem falar nas reuniões da Câmara Municipal e Assembleia Municipal;
  • Há poucas reuniões internas com os trabalhadores da Câmara Municipal;
  • Falta comunicação em detalhe das intervenções urbanísticas;
  • Falta fazer eventos verdadeiramente participativos;
  • As actas das reuniões da Assembleia e Câmara Municipais são publicadas on-line, mas em formato digitalizado e sem possibilidade de pesquisa.
Impactos observados
  • Percepção de desigualdade;
  • Excesso de burocracia;
  • Dificuldade no acesso à informação para pessoas com reduzida literacia;
  • Dificuldade no acesso à informação para pessoas ocupadas com (demasiado) trabalho;
  • Faltam encontros regulares e temáticos com a população (especialmente em torno do plano de atividades, do orçamento e da sua execução);
  • Não se sabe quem vota em quê dentro das decisões da Câmara Municipal.
Necessidades identificadas
  • Instalar mecanismos de participação pública colaborativa nas deliberações;
  • Ferramentas de comunicação e participação mais eficazes;
  • Comunicação e acesso à informação mais eficazes;
  • Informação na rádio local;
  • Newsletter quinzenal ;
  • Melhor design gráfico na comunicação de informação burocráticas;
  • Encontros temáticos e regulares com a população, especialmente na cidade (plano de atividades, orçamento, execução, etc.).
Impactos desejados
  • Mais informação e integração online para a transparência política;
  • Aumentar o sentimento de pertença política, pela participação no desenho e tomada de decisões;
  • Melhores decisões, mais baratas;
  • Mais participação geral;
  • Mais colaboração entre as pessoas através de planeamento conjunto;
  • Possibilidade de participação cidadã nas reuniões da Câmara e Assembleia Municipais;
  • Melhor coordenação dentro e fora da Câmara Municipal.